sexta-feira, 17 de outubro de 2008



DISSEMINAÇÃO:

A MIGRAÇÃO DAS TELAS1 OU A IMAGEM TEMPO ALÉM DA CAIXA PRETA

Performance Disseminação I


DISSEMINAÇÃO:

A MIGRAÇÃO DAS TELAS1 OU A IMAGEM TEMPO ALÉM DA CAIXA PRETA

No catálogo da Exposição Momentos Improváveis, acontecida em Rio de Janeiro em 2003, Phillippe Dubois nos fala de um “efeito cinema nas artes plásticas2, mas alias, hoje podemos também falar de um efeito vídeo no só no cinema, mas também no teatro, na dança, na música e na literatura contemporâneas. A pergunta que Eisenstein fazia-se com respeito ao cinema na década de 1920 (“...que arte não está próxima do cinema?”3) pode ser extrapolada hoje mais acertadamente com respeito ao vídeo. Ainda mais: o interrogante poderia ser extrapolado a muitas práticas e manifestações culturais contemporâneas: a mídia, a publicidade, a antropologia e as ciências sociais em geral (em gêneros como o documentário), as formas de salvar e acumular memória individual e coletiva, os relacionamento na rede, os sistemas de vigilância e controle, etc. etc.

A câmara-caneta da Nouvelle Vague francesa, aquela câmara portátil que revolucionara as linguagens e as formas de fazer cine na década de 1960, não é hoje mais a câmara de cine, mas a câmara de vídeo: leve, portátil, econômica, de fácil edição e manipulação, ela faz com que a onipresença do vídeo seja hoje um fato inegável nas sociedades contemporâneas. E se na década de 1990 Dominique Baqué fez no seu já incontornável livro de referência A Fotografia Plástica4 uma exploração pioneira acerca da presença e impacto da fotografia nas artes plásticas, esse livro e essa exploração estão ainda a fazer num campo que, parafraseando a expressão da Baqué, poderíamos chamar de Vídeo Plástico. DISSEMINAÇÃO é um evento acerca desse vídeo espalhado, ampliado, disseminado (Disseminar: semear ou espalhar por muitas partes, difundir, propagar; espalhar. Dicionário Aurélio, 2005) que tem zonas e pontos de contacto com todas as artes e com muitas práticas sociais.

Podem ser os limites tradicionais das narrativas herdadas da novela e do teatro, apresentadas tradicionalmente na Caixa Preta5 da sala de cinema, ou as obvias conexões da imagem movimento com a pintura e o desenho no campo da Animação... mas podem ser também outras zonas de contacto e propagação: com a escultura e a encenação teatral nos campos da vídeo-instalação ou a vídeo-escultura, com a dança e a performance, com a arquitetura, a publicidade ou a arte digital. Em fim: o vídeo nesse espaço infinito e aberto de trocas que é o campo criatividade humana: a arte do vídeo nesse lugar de experimentação da existência humana que o artista alemão Joseph Beuys definiu como arte: o lugar antropológico onde se elabora a constante re-invenção do ser humano.

Adolfo Cifuentes, Belo Horizonte, Agosto 2008.







www.ufmg.br/centrocultural/disseminacao




Performances do Disseminação I


A Festa do Disseminação I






Performances do Disseminação II



A Festa do Disseminação II

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